terça-feira, maio 14, 2013

O EVANGÉLIO POÉTICO
De Adir Affa Rievrs.




Dramaturgia religiosa em quatro atos.



























Personagens por ordem de entrada em cena:









Coringa, Maria, Anjo, Isabel, Zacarias, José, Dona do Albergue, Gaspar, Baltazar, Belchior,
Herodes, Mulher de Herodes I, Arquelau “Herodes II”, Soldado I, Soldado II, Soldado III, Centurião, Caifás, Anás, Tibérius, Jesus aos doze anos,
João Batista, Homens I, Homem II, Jesus, Voz de Deus, Satanás, Homem III, Maria Madalena, Pedro, João, Judas Tadeu, Judas Iscariótes, Tomé, André, Felipe, Matheus, Thiago I, Thiago II, Bartolomeu, Simão, Herodíades, Salomé, Cego, Surdo, Mudo, Aleijado, Crianças, Mulher, Pilatos, Mulher de Herodes II, Mulher de Pilatos, Povo Judeu, Barrabás, Simeão, Verônica, Mulheres que Choram, Mau ladrão, Bom ladrão, Nicodêmos e Arimatéia.






























ATO I


(em cena o Coringa).

CORINGA
_ Ó Senhor, piedoso como é,
Diga-me em tom verdadeiro:
Por que Maria, moça de Nazaré,
Desposada de José, o carpinteiro,
Sofre e chora a virgem que é
Desconsolada, em desespero?

(sai e entra Maria).

MARIA
_ Meu Deus, Deus de Abraão,
Meu Senhor de David, de Israel,
Senhor do meu coração
Que Habita o mais alto do céu!
Diga-me por que Senhor,
Tiras-me da casa de meu pai?
Ouça Senhor, meus tristes ais!
Agora que o José me desposou,
O rei Herodes nos ordenou
Uma recontagem dos judeus,
E o que me tem oprimido
É que a mulher tem de ir o marido
Ao lugar onde ele nasceu.

(entra o Anjo).

ANJO
_ Ave Maria, cheia de graça,
O Senhor é convosco.
Não tema a viagem à Belém,
Pois lá nascerá o Messias
Do teu ventre, em nove meses Maria,
Porque o Senhor lhe quer bem.

MARIA
_ O amigo não conhece a lei,
Pois o meu esposo, José,
Só dentro de um ano, que sei,
Há de tomar-me como mulher.






ANJO
_ Maria, vejo que não sabe quem sou,
Nem tampouco a que venho.
Pois saiba Maria, que tenho
Uma resposta pra ti do Senhor.
Coabitará em ti o Espírito Santo,
O mesmo que me conduz,
E no céu só se ouvirá cantos
No dia em que der a luz.
Não crê no poder do céu?
Se a dúvida ainda lhe tenta
Visite sua prima Isabel
Que conceberá depois dos setenta.

(saem e entra o Coringa)

CORINGA
_ Ó Senhor, mas que alegria!
O que destinas a Maria
Nem ela acreditou.
Correu com os olhos o céu,
Correu à casa de Isabel
Pra ver o que disse o Senhor.

(sai, entram Isabel e Zacarias e, logo após, Maria).

MARIA
_ Ó! Minha prima Isabel
Confirma o disse-me o céu.

ISABEL
_ A paz esteja convosco, Maria!
Não sabes como estou contente
Ainda mais com sua companhia
E até o meu filho em meu ventre
Pula e chuta de alegria.

MARIA
_ Realmente se confirmou
O que me disse o Senhor.









ISABEL
_ O Senhor de Abraão
Também lhe falou ao coração?
Como em sonho a Zacarias
Para não perder a esperança
Que eu, infértil conceberia
Em meu ventre esta criança.
E que esta criança abriria
O caminho para o Messias
Pro filho de Deus vir ao mundo.
E até que chegue este dia
Meu esposo, Zacarias,
Por Ordem de Deus, ficou mudo.

MARIA
_ Estou muito feliz por vocês,
Minha prima como estou!
Parabéns a você Zacarias!
E como somos parentes
Eu ponho ao seu dispor
Prima, minha companhia.

ISABEL
_ Obrigada, doce Maria,
A casa é sua, pode ficar.
Alegra-me tua companhia
Pois Zacarias não pode falar
E isso me causa agonia.
E sei que posso contar
Com tudo que vem de você
Pois é a mais doce criatura
E me ajudará com doçura
Na hora em que eu conceber.

(saem e entra o Coringa)

CORINGA
_ Maria ocultou parte do segredo,
Não quis molestar à Isabel,
Também teve um pouco de medo,
Pois ainda não compreendeu.
Compreenderá agora, Maria,
Depois que Isabel conceber,
Os desígnios do Senhor
Que restituirá voz a Zacarias
Para lhe esclarecer
Que conceberá o Deus do amor.

(sai e entram Isabel e Maria)

MARIA
_ A minha prima já escolheu
O nome do filho seu?

ISABEL
_ Ainda não sei, Maria!
Espero em Deus que reina entre nós,
Para que restitua a voz
De meu esposo, Zacarias.

MARIA
_ Isabel, minha prima, me diga,
Para encerrar minha tortura,
Por favor, se és minha amiga,
Se engravidaste e sentiste tonturas?

(entra Zacarias).

ZACARIAS
_ Não se surpreendam comigo
Pois minha voz voltou,
Nem com aquilo que digo
Pois disse-me assim o Senhor:
Nosso filho se chamará João,
Precederá o Senhor Messias
E, digo de coração,
Que este virá de Maria.

ISABEL
_ Por isso que quando chegou
Em nossa casa, Maria,
Meu filho, aqui dentro vibrou,
E pulava de tanta alegria.
Por isso ele estava alegre,
Por isso ele estava contente:
Bendita és tu entre as mulheres
E bendito é o do teu ventre.

MARIA
_ Obrigada Isabel, por tudo!
Mas voltarei à Nazaré.
Pois Zacarias já não está mudo
E eu tenho muito que falar a José.

(saem e entra o Coringa).






CORINGA
_ Que sorte teve Maria,
Maria de Nazaré,
Maria mãe do Messias
E esposa do bom José.
José, o carpinteiro,
Esposo da virgem Maria,
Não tomou como verdadeiro
O que sua esposa lhe dizia.

(sai e entram José e Maria).

JOSÉ
_ O que fizeste Maria?
Quem lhe fez isso?
Porque me enganas, mulher?
Eu, que todo amor lhe daria!
Traiu nosso compromisso,
Traiu quem tão bem lhe quer.

MARIA
_ Eu lhe garanto, José,
Que é verdade o que digo.
Apedreje-me toda Nazaré
Se o Senhor não estiver comigo.

JOSÉ
_ Não, ninguém lhe apedrejará,
Isso eu não permitirei!
Fugirei para outro lugar
E de lá nunca mais voltarei.
E o povo, antes de lhe difamar,
Pensará que eu a abandonei.

(saem e entra o Coringa).

CORINGA
_ Ó Senhor que triste história!
José abandonará Maria.
Interfira Senhor Deus, agora,
Cumpra-se a tua profecia.

(sai e entra José que deita e dorme, quando entra o Anjo).






ANJO
_ José, filho de David, deixe de temer,
À Maria, por esposa receber,
Pois o que nela se concebeu
Vem do Espírito Santo de Deus.
À um filho ela dará a luz.
À quem dará o nome de Jesus
Por que ele lhes foi enviado
Para salvar o povo do pecado.

(sai o Anjo. José se levanta e sai correndo. Entra Maria e, correndo, entra José)

JOSÉ
_ Perdoa-me, doce Maria,
Por não ter acreditado em você,
Por intentar deixa-la sozinha
E por não lhe compreender.
Um Anjo, em sonho, me falou
Que ao salvador você dará a luz
E também me ordenou o Senhor
Dar a ele o nome de Jesus.
Maria, eu só posso lhe implorar:
Perdoe-me e venha também,
Pois temos que viajar
Para minha terra, Belém.

MARIA
_ Ó que alegria, José!
O Senhor lhe mostrou a verdade.
Saiba que sou tua mulher,
Assim como minha vontade.
Então, meu esposo José,
Se tem que ir à Belém
E deixar a Nazaré
A tua mulher vai também.

(saem e entra o Coringa).

CORINGA
_ Então viajou o bom José
Para Belém com a Maria,
A virgem de Nazaré
Que com José, agora ia.
Chegando eles à Belém,
Sentiu as dores a Virgem Maria,
Mas o José, homem de bem,
Foi procurar hospedaria.

(sai e entra a dona do albergue e, logo após, José e Maria).

JOSÉ
_ Senhora, viemos de longe, como vê,
Eu e minha esposa, Maria,
Que está preste a vir conceber.
Em sua não haveria
Um quarto que nos hospedaria
Só até o amanhecer?

DONA DO ALBERGUE
_ Aqui? Aqui não cabe mais ninguém
E devo lhes informar
Que o albergue está lotado também.
Mas olha, tenho uma estrebaria
Onde podem se acomodar.
Perdoem, mas é só o que eu teria
Para o casal se repousar,
Isso, se tua esposa, Maria,
Não vier a se incomodar.

MARIA
_ Deus lhe pagará com sua paz
Todo o bem que agora me faz!

(saem e entra o Coringa e, enquanto este fala, entram José, Maria com o bebê e os reis magos, Gaspar, Baltazar e Belchior, e formam a imagem do presépio).

CORINGA
_ Jesus podia ter-se deixado ao lado do Pai
Cingindo o diadema de ouro e as púrpuras reais
Mas, por amor de nós, permutou o céu e suas glórias,
Pela Terra, com suas vilezas e misérias.
Aconteceu nesta estrebaria
O que Deus aos profetas dizia.
E vieram os três reis magos
Dos lugares mais afastados
Seguindo a estrela guia.
Como um Anjo lhes ordenou,
Trouxeram ouro, incenso e mirra,
Felizes e de bom grado
Para presentear o Senhor.

(sai).

GASPAR
_ Eu me chamo Gaspar
E trago ouro para o Messias.
Pois disse-me o Anjo do Senhor
Que em Belém eu iria encontrar
Uma criança que nasceria
Para ser o Cristo Salvador.

BALTAZAR
_ O meu nome é Baltazar
E ao Messias venho presentear.
Pois o Anjo me falou que surgiria
Uma grande estrela que me guiaria
Ao que meu Deus, meu bom Senhor,
Agora, aos meus olhos reservou.
Presenteio-lhe com o meu
Incenso mais perfumado
Ó Cordeiro de Deus
Que do mundo tirai os pecados.

BELCHIOR
_ Eu sou Belchior e trago mirra
Para presentear o Senhor Messias.
Pois disse-me o Anjo do Senhor
Que o céu, em festa estaria,
E que numerosa se ouviria
A milícia celestial em louvor:
Glórias no céu a Deus
Por toda eternidade
E paz na Terra aos seus
Homens de boa vontade.

(saem)


Fim do primeiro ato.





















ATO II


(entra o Coringa).

CORINGA
_ Passado então, esta noite nobre,
O rei Herodes, opressor dos pobres,
Demente na soberania,
Soube que o povo Judeu
Anunciava que já nasceu
O seu esperado Messias.

(sai e entram Herodes, sua mulher e Arquelau e, logo após um soldado romano, que cochicha no ouvido de Herodes).

HERODES
_ O que é isso que me diz?
Algoz do meu reinado,
É um absurdo infeliz!
O que é isso soldado?

MULHER DE HERODES
_ Herodes, o que é que há?
O que aflige ao meu rei?
Diga-me sem exitar
O que eu ainda não sei.

HERODES
_ Dizem que o Messias nasceu
E nisso eu não posso crer.
O chamam de rei dos judeus!
Se ele é o rei, o que eu devo ser?

ARQUELAU
_ Meu pai, eu não compreendo!
Quem é este recém nascido?
E como pode este rebento
Ser rei sem ter merecido?

HERODES
_ Arquelau, saiba que fui procurado
Por três reis de terras distantes
A me perguntarem por este infante
Que por eles devia ser adorado.





ARQUELAU
_ Mas meu pai, meu soberano,
Isso é lenda, pelo que sei,
Não passa de mero engano
Essa história de “Rei dos Reis”.

HERODES
_ “Rei dos Reis”! Saibam que eu,
Herodes, sou o único rei.
Poder máximo sobre judeus,
Sempre fui e sempre serei!
Como pode alguém que não seja eu,
Ser  chamado de rei dos reis?

MULHER DE HERODES
_ Que pensa então em fazer?
Tal blasfêmia, não pode aceitar.
O que poderá nos acontecer
Se esta profecia se realizar?

ARQUELAU
_ Além do mais, já imaginaste,
Tua riqueza que será minha por herança,
E tudo o que conquistaste
Entregue facilmente nas mãos desta criança?

HERODES
_ Não, isso eu não permitirei.
Diga-me, filho meu,
O que é que por ventura eu farei
Pra não dar o trono a um judeu?

ARQUELAU
_ Tu, mulher, quando nasci,
O que a faria mais sofrer?
Ver que eu sobrevivi
Ou ver-me indefeso, morrer?

MULHER DE HERODES
_ Não sei o que quer dizer,
Mas, sem dúvidas, Arquelau,
Que ter de vê-lo morrer
Causar-me-ia imenso mal.







HERODES
_ Mas eu já sei o que farei!
Guardas, os judeus recém nascidos,
Matem todos, sem piedade.
Não, esperem! Me enganei.
Matem apenas todos os meninos
Com até dois anos de idade.
Vamos, andem! Antes que eu me zangue.
Matem, matem todos. Eu quero sangue!

(saem e entra o Coringa).

CORINGA
_ Meu Deus, quanta crueldade!
Como pode alguém ser capaz
De cometer tamanha loucura?
Crianças de tão pouca idade,
Meninos que viviam em paz,
Mortos por uma algoz ditadura.
... Mas o Anjo falou a José:

VOZ DO ANJO
_ Fuja ao Egito como peregrino
Junto com a criança e a mulher,
Pois Herodes quer matar o menino.

CORINGA
_ Estando no Egito o José
Ouviu outra ordem do céu
Dizendo que voltasse a Israel
Levando o menino e a mulher.
O Anjo disse pra não se preocupar
Pois estava traçado o destino
E morto, quem queria matar,
Jesus, que era Deus menino.
... E já com dois anos de idade,
Na páscoa, entrou no templo, Jesus,
E por sua própria vontade
Aos doutores mostrou sua luz.

(sai e entram Caifás, Anás, Tibérius e Jesus aos doze anos).

CAIFÁS
_ Como pode uma criança saber
Tanto assim sobre a vida,
Discernir e compreender
A tudo o que nos intriga?



ANÁS
_ E como pode refletir tão bem
Diante a tantas promiscuidades
Existentes ao nosso redor e além
Do que saberia com tão pouca idade.

JESUS AOS DOZE ANOS
_ Vocês podem também descobrir
Tudo o que sei, sem exceção.
Basta fechar os olhos e sentir
O mundo com o coração.

TIBÉRIUS
_ É real o que ele disse!
Os amigos podem crer
Que são assuntos difíceis
Para uma criança entender.

JESUS AOS DOZE ANOS
_ Nada é difícil para quem
Está sempre ligado ao Pai.
Pois quem só faz o bem,
Se tropeçar ergue-se, não cai.

CAIFÁS
_ De onde veio, menino?
Quem o trouxe para a cidade?
Não pode andar sozinho
Assim com tão pouca idade.

JESUS AOS DOZE ANOS
_ Vim de Nazaré com meus pais,
Filhos de Israel, como eu,
Para celebrarmos a paz
Na festa da páscoa de Deus.

ANÁS
_ E onde seus pais estão?
Deixaram-lhe pelo caminho?
Responda, por que razão
Está aqui sozinho?

JESUS AOS DOZE ANOS
_ Eu não estou sozinho,
Em breve virão me buscar.
Porém, em meu caminho,
Nem sempre irão me acompanhar.



TIBÉRIUS
_ Continue com suas palavras
Tão doces quanto o mel!
Conte-nos suas metáforas
Que parecem vindas do céu.

JESUS AOS DOZE ANOS
_ É angustiante o desejo de voar
Para quem asas, não tem.
Mas quem ama a Deus sem pensar
Consegue, semeia o bem.
E percebe que a vontade
De quem tem a alma boa
Quebra a enfermidade
E faz nascer asas em quem
Apesar de viver para o bem,
Apenas com olhos voa.

CAIFÁS
_ Eu não compreendo
O que o menino disse.

ANÁS
_ Eu também não entendo.
Por favor, explique-se!

JESUS AOS DOZE ANOS
_ O homem mesmo cego
Ao horizonte queria ver,
Mas o nada lhe ofuscava a visão.
A persistência em seu ego
Foi tanta que lhe fez sofrer
E criar seu mundo na escuridão.
Então, daí por diante,
Encontrou quem lhe conduz
E a partir deste instante
Passou a viver da luz.

(entram Maria e José).

MARIA
_ Jesus! Jesus, por onde andava?
Deixaste-me tão preocupada,
Tão triste e desesperada
Que aflita lhe procurava.





JESUS AOS DOZE ANOS
_ Por que tanto se preocupar?
Para quê estes tristes ais?
Sabe que devo me ocupar
Apenas das coisas de meu Pai.

TIBÉRIUS
_ És tu o pai do menino
Vindo de Nazaré?

JOSÉ
_ Sim, senhor rabino.
O meu nome é José!

MARIA
_ Vamos filho que é tarde,
A noite ao dia invade
E falta muito pra gente chegar
A Nazaré, nosso lar.

(saem Maria, Jesus aos doze anos e José).

ANÁS
_ estou espantado com o que vi!

TIBÉRIUS
_ E eu com o que ouvi!

CAIFÁS
_ Parece loucura o que vou dizer,
Mas aquela criança vai ser
Muito importante quando crescer.

(saem).


Fim do segundo ato













ATO III


(entra o Coringa).

CORINGA
_ No deserto clama uma voz:

VOZ DE JOÃO BATISTA
_ Preparai para o Senhor o caminho
E endireitai a sua direção!

CORINGA
_ Dizia João Batista a todos,
Pregando o batismo sozinho
Às margens do rio Jordão.

(sai o Coringa e entram João Batista, Centurião, Homem I e Homem II).

JOÃO BATISTA
_ Quem vos ensinou,
Corja de serpentes,
A não buscar a luz do Senhor
E a fugir de sua ira iminente?
Pois façam uma conversão
Realmente virtuosa e honesta
E dêem frutos de expiação,
Sendo que o fruto lhes atesta.
E não comecem a dizer:
“Temos por pai, Abraão”,
Destas pedras, Deus tem poder
De suscitar filhos a Abrão.
O machado já está posto
À raiz das árvores, então
Toda árvore que não
Der frutos de bom gosto,
Nem procurar dar frutos logo,
Será cortada e jogada ao fogo.

HOMEM I
_ Diga-me mestre João,
Eu, de pouco poder,
Porém de bom coração,
O que tenho que fazer?

JOÃO BATISTA
_ Quem duas túnicas tiver,
Dê uma a quem não tem
E quem tem o que comer,
Que faça o mesmo também.
CENTURIÃO
_ E eu mestre João,
Que tenho certo poder
Mas tenho a Deus, temor,
Pergunto: o que devo fazer
Para que da sua compaixão
Eu seja merecedor?

JOÃO BATISTA
_ Não exijais mais que o ordenado,
Não praticais a violência
E nem defraudais a ninguém.
Pois se eu os tenho batizado
É pra que tenham consciência
De que Deus só quer o bem.

HOMEM II
_ Mestre, há muito quero perguntar isso,
Mas pensei que não me responderia.
Quero saber se tu és o Cristo.
Tu és o nosso esperado Messias?

JOÃO BATISTA
_ Vos digo que não o sou.
Eu vos batizo com água,
Mas eis que virá alguém
Mais poderoso que eu
Que secará prantos e mágoas
E, todos dirão amém.
Dele, não sou digno de desatar
Nem a correia de suas sandálias.
Em fogo e no Espírito Santo vos batizará
E limpará toda eira que se espalha.
Ele tem nas mãos a pá
Que recolherá o trigo ao celeiro,
As palhas, porém, queimará
Num fogo inextinguível, derradeiro.

(entra Jesus).

JESUS
_ Desejo ser batizado por ti também.

JOÃO BATISTA
_ Mas eu que devo ser batizado por ti!

JESUS
_ Deixa por agora, pois convém
A justiça completa cumprir.




VOZ DE DEUS
_ Este é meu filho amado,
Ouçam-no com atenção.
Salvará seu povo do pecado
E em ti ponho minha afeição.

(saem e entra o Coringa).

CORINGA
_ Ao dirigir-se para o deserto
Jesus foi guiado de perto
Pelo Espírito Santo de Deus.
Sem desafiar a tentação
Ele procurava a solidão
Pra meditar sobre o destino seu.

(sai e entra Jesus e, logo depois, entra Satanás).

SATANÁS
_ Como pode ficar aí com sede
E enfraquecido pela fome, então,
Se é o Filho de Deus realmente,
Transforme estas pedras em pão.

JESUS
_ Está escrito que o homem
Nem só de pão viverá.
Pois do que o homem tem fome
É da palavra que Deus dirá.

SATANÁS
_ Não se cansa destas metáforas?
De falar tantas coisas em vão!?
Prove-me as suas palavras
Se é tão poderoso, então.

JESUS
_ Não tenho que te provar nada
Do que digo de coração.
Se por mim a voz de Deus é pregada,
É porque dela virá a salvação.








SATANÁS
_ Se é realmente o Cristo,
Atire-se deste precipício.
Pois sei que está escrito
Nas escrituras, desde o início,
Que Ele aos anjos deu ordens
Sinceras à teu respeito
Para não permitirem sua queda,
Deus ordenou que o ajudem,
Então, proteger-te-ão direito,
Para não se machucar nas pedras.

JESUS
_ Escrito também está:
“A Deus, não tentarás”.

SATANÁS
_ É teimoso pelo que vejo,
Mas sabe o que sofrerá.
Alie-se a mim, pois meu desejo
É somente te ajudar.

JESUS
_ Se quer realmente me ajudar
Deixe-me em oração e vá.

SATANÁS
_ Veja lá embaixo que bela cidade!
Te darei tudo o que nela há,
Pois tudo o que ali existe é meu.
Se te prostrares com humildade
Diante de mim e me adorar,
Todo este poder será teu.

JESUS
_ Para trás, Satanás!
Não quero nada que for teu.
Pois escrito também está:
“Adorará o Senhor seu Deus
E só a Ele servirá”.









SATANÁS
_ Então você recusa
E ainda justifica-te?
Assim de mim, abusa.
Paciência tem limite!

JESUS
_ Não pode me dar o que não é teu.
Não quero deste mundo, a matéria!
Contente-se com a sua miséria,
Vá e deixe-me aqui com Deus.

SATANÁS
_ É verdadeiramente o Cristo!
Pois se lembrará de mim
Quando chegar o seu fim.
Eu quis te ajudar, Ele sabe disso.

(saem e entra o Coringa).

CORINGA
_ O Filho de Deus veio a Terra
Para mudar seus conceitos
E abrir nossos corações,
Pregando a paz e não a guerra,
Mudando ritos imperfeitos
De antigas religiões.

HOMEM I
_ É imensa a honra de nossa parte,
Pois há muito queríamos falar-te.

JESUS
_ Pois diga-me, meu irmão,
O que aflige seu coração?

HOMEM I
_ Dizem que és o Messias
Há muito por nós esperado.
Se és o anunciado por Elias,
Nos ilumine com seu reinado.









JESUS
_ Eu sou a luz do mundo, portanto
Quem me seguir, em trevas não tropeçará.
Pois em seu caminho santo
A luz da vida se derramará.

HOMEM I
_ Você está mentindo e se elogiando
Dizendo ser quem esperamos.
Se tu és quem estás falando
Diga-nos, e nós, quem somos?

JESUS
_ Em verdade eu vos digo
Pelo Pai que me conduz,
A todos, meus amigos,
Que vós sois luz.

HOMEM II
_ São belas as tuas palavras!
Tu as disseste bem.
Mas deixai de metáforas
E dizei: tu és quem?

JESUS
_ Vocês não sabem quem sou, portanto
Ao meu Pai, não conhecem.
Se o conhecerem, me conhecerão.
Eu sou lá de cima, do reino santo.
Vocês daqui da Terra, rezem,
Pois só assim, em meu reino entrarão.

HOMEM II
_ Se és o Messias, o Senhor,
Como nós, sentes dor?

JESUS
_ Como todos, sou de carne e osso.
Mas quando virem o Messias
Morto no madeiro, a esmo,
Todos, em meio ao alvoroço,
Compreenderão nesse dia
E perceberão que sou o mesmo.







(entra o Homem III, arrastando Maria Madalena).

JESUS
_O que é isso agora?
E tu, mulher, porque chora?

HOMEM
_ Mestre, esta mulher foi encontrada
Em adultério, o que lhe condena,
Na lei de Moisés à dura pena
De ser por todos, apedrejada.

JESUS
_ Muito bem, podem apedrejar.
Mas quem entre vós estiver
Sem pecado, pode atirar
A primeira pedra nesta mulher.

(saem Homem I, Homem II e Homem III).

MARIA MADALENA
_ Senhor, sabes que eu pequei,
Que um adultério, eu cometi.
E mesmo sabendo que errei,
Ainda assim me protegeste?

JESUS
_ Fiz com que enxergassem com o coração
E não apenas com os olhos.
Portanto, eu não te protegi.
Pois quem segue estas antigas tradições
Enxerga como um cego tolo
Só o que a visão permitir.

MARIA MADALENA
_ Sendo assim, guia-me Senhor,
Seja quem me conduz!
Livrou-me da minha dor
E também quero enxergar essa luz.

JESUS
_ Por ti mesma, enxergará!
Onde está quem lhe acusou?
E os que queriam lhe apedrejar?
Nenhum deles lhe condenou?





MARIA MADALENA
_ Não Senhor, deixaram-me em paz.

JESUS
_ Eu também não. Vá e não peques mais!

(saem e entra o Coringa).

CORINGA
_ Sou forte, por isso posso
Ser mais do que podia ser.
Sou cérebro, carne e osso,
Sou osso duro de roer.
Se sou, de roer, osso duro,
Sou sangue coagulado,
Legítimo, vermelho, puro
Sangue frio desperdiçado.

(sai e entram Herodes II, Herodíades e Salomé).

VOZ DE JOÃO BATISTA
_ Déspota! Tirano!
Hipócrita! Profano!

HERODES II
_ Guardas, urgentemente,
Tragam-me este insolente!

(entram o Centurião e os guardas que trazem João Batista).

JOÃO BATISTA
_ Herodes, o que é que há?
Por que mandou me buscar?

HERODES II
_ João Batista, João batista,
Sabes melhor que eu,
Sabes até de mais
E isso muito me irrita.
Como podes, tu, judeu,
Insultar minha soberania?









JOÃO BATISTA
_ Tua rainha, onde está a coitada?
E Felipe, seu irmão?
Vejo que zelas por tua cunhada
Herodíades, então...

HERODES II
_ Como ousas me interrogar?
Não podes falar-me assim,
Com tanta arrogância no falar.
O que sabes tu, de mim?


JOÃO BATISTA
_ Todos sabem o que faz
Você e Herodíades. E Salomé,
Filha de um incesto a mais
Entre você e esta mulher.

HERODES II
_ Cale-se, basta!
Prendam-no guardas.

JOÃO BATISTA
_ Centurião, sei que irá vê-lo no monte.
Pergunte se ele é o Messias que virá,
Por favor, a Jesus, em meu nome.
Ou se devemos por outro esperar?

(saem e entra o Coringa).

CORINGA
_ Por aqueles que desejavam
Seu auxílio e sua compaixão,
Jesus sempre trabalhava.
E todos se regozijavam
Na sua graça, que os ensinava
A viver em comunhão.

(sai e entram Homem I, Maria Madalena, Homem II, Centurião, Pedro, João, Judas Tadeu, Judas Iscariótes, Tomé, André, Felipe, Matheus, Thiago I, Thiago II, Bartolomeu e Simão).

HOMEM I
_ Jesus, felizes somos em lhe ver.
Alegra-nos com o que tens a dizer!




MARIA MADALENA
_ Mestre, as suas palavras precisam
De tempos em tempos, ser repetidas
Para que todos os povos saibam
Quais verdades, por ti foram ditas.

JESUS
_ Minha palavras chegarão
À longínquos tempos.
Pois doze, a mim virão
Pra cultivar meus ensinamentos.
E digo que são bem aventurados
Os que têm um pobre coração,
Pois serão, no céu, recompensados.
E os que, chorando, agora estão,
Pois, estes, serão consolados.
Bem aventurados os que não fazem guerra
E são mansos de coração,
Pois assim, possuirão a Terra.
E os que misericordiosos são,
Pois misericórdia, alcançarão.
E os que têm um puro coração
São bem aventurados, pois a Deus verão.
Também os pacíficos são bem aventurados
E de filhos de Deus serão chamados.
E os que têm de justiça, sede e fome,
Serão saciados em meu nome.
Bem aventurados os perseguidos, os réus,
Pois herdarão o reino dos céus.
Bem aventurados sereis quando
Vos perseguirem e falsamente
Vos caluniarem por minha causa,
Alegrai-vos e exultai, portanto
Sereis recompensados fartamente
Quando entrarem em minha casa.
Pois assim perseguiram aos meus
Profetas que vieram antes de vós,
Mas estes já estão no reino de Deus.
Pois sem Deus, o que seria de nós?

HOMEM II
_ Senhor, creio que és o Rei dos Judeus,
Mas nos ensine a falar com Deus!







JESUS
_ Quando com Deus, quiserem falar,
Deste modo devem rezar:
Pai nosso que no céu estás,
Santificado o teu nome seja!
Que o teu reino venha a nós
E se realize o que o Senhor deseja
Assim na Terra, como no céu!
Dai-nos hoje e em cada dia o nosso pão
E as nossas ofensas, Senhor, perdoai,
Assim como perdoamos então
A quem nos tem ofendido, ó Pai!
E não nos deixeis cair em tentação
Mas de todo o mal nos livrai.

CENTURIÃO
_ És realmente o Messias
Anunciado e esperado por Elias?

JESUS
_ O que viste e ouviste
À João Batista contai, ide!
Coxos andam, leprosos são limpos, cegos vêem,
Surdos ouvem e mortos ressuscitados são.
Bem aventurado aquele para quem
De sua queda eu não seja a ocasião.

(saem e entra o coringa).

CORINGA
_ Se meu sangue corre em vão
E a veia seca sem vida
Na última hora, quem sabe
Meu corte de aço ou de cobre
Perfure meu coração
Na hora da despedida.

(sai e entram Herodes II, Herodíades, Salomé, o Centurião e dois soldados ).

HERODES II
_ Quero ver algo muito, mas muito agradável!
Quero ver dançar a mais linda mulher,
A mais bela, minha sobrinha adorável,
Por favor, dance para mim, Salomé!

(Salomé dança)



HERODES II
_ Salomé, peça-me algo valioso,
Peça-me o que quiser e lhe ofertarei.
Seja o que for, o rubi mais precioso
Ou a metade do meu reino e te darei.

(Salomé continua dançando e Herodíades lhe sussurra algo).

SALOMÉ
_ Já sei o que eu quero!

HERODES II
_ Diga-me, o que lhe agrada?

SALOMÉ
_ A morte pela espada
E estou falando sério!
Pois eu quero sem demora
Em uma bandeja de prata,
A cabeça decapitada
De João Batista, agora.

HERODES II
_ Como pode algo assim pedir?
Tem noção do que me diz?

SALOMÉ
_ Tu disseste, que eu ouvi.
Não queres me fazer feliz?
Eu acho um absurdo
Que diante dos teus súditos
Um rei não faça cumprir
O que diante de todos me diz!

(Salomé volta a dançar e Herodes estarrecido acena ao Centurião que faz o mesmo à um soldado, este sai. O soldado volta com a cabeça na bandeja, Salomé se assusta com a cena e sai, depois saem os outros e entra o Coringa).

CORINGA
_ O tempo sempre transforma em escombros
Quase toda forte ou frágil edificação
Mas em Jesus causou imenso assombro
Ver que a porta do templo de oração
Acabou, assim se transformando,
Em ponto de comércio e de ladrão.

(sai e entram feirantes e ladrões. Depois entra Jesus que começa a derrubar tudo).



JESUS
_ Tirem isso daqui, agora!
Esta é uma casa de orações
E não um covil de ladrões.
Fora, todos vocês, fora!

(os feirantes e os ladrões saem e entram um cego, um surdo, um mudo e um aleijado, e Jesus começa a curá-los. Entram também crianças que cantam).

CRIANÇAS
_ Hosana ao filho de David!
Bendito o que vem em nome do Senhor!
Vejam o teu Rei, eis aí,
Vem a ti das alturas, justo e salvador.

(entram Caifás, Anás e Tibérius).

CAIFÁS
_ Ouve o que a criançada diz?

JESUS
_ Sim. Não leu o que diz o Senhor?
Que da boca de uma criança feliz
Ouvir-se-á o perfeito louvor.

ANÁS
_ Fazes isso com que direito?
Vejo que dizes a verdade,
Mas quero saber mais a respeito
De quem te deu esta autoridade.

JESUS
_ Vos proporei também uma questão.
Respondam e responderei também!
O batismo pregado por João,
Do céu ou dos homens provém?

(Anás, Caifás e Tibérius confabulam).

TIBÉRIUS
_ Se respondermos do céu, ele dos dirá:
E porque não acreditaram nele? Ora essa!

CAIFÁS
_ Se dissermos dos homens, o povo alvoroçará,
Pois todos consideravam João um profeta.

(voltam-se para Jesus).


ANÁS
_ Esta pergunta é difícil de responder
E nós não sabemos o que dizer.

JESUS
_ Então, como faço estas coisas
E quem me deu este direito,
Eu tampouco vos direi.

TIBÉRIUS
_ Diga-nos só mais uma coisa,
Por favor, com todo respeito,
O maior mandamento da lei.

JESUS
_ De toda tua alma, ao senhor amará,
De todo espírito e todo coração,
Este é o maior mandamento que sei.
O primeiro, mas outro tão importante há:
Ame ao próximo como a ti, então
Nestes dois mandamentos se resume a lei.

(saem).



Fim do terceiro ato























ATO IV


(entra o Coringa).

CORINGA
_ Então foi ter com os sacerdotes
Um dos doze, por Deus, escolhidos,
Para, a Jesus, lhes entregar.
Seu nome era Judas Iscariótes
Que pela ambição foi traído
Traindo a quem só fez amar.

(sai e entram Caifás, Anás e Tibérius).

CAIFÁS
_ O que me dizem Tibérius e Anás,
Da revolta contra os guardas
Promovida hoje pelo povo?

ANÁS
_ A origem de tudo, Caifás,
Foi o agitador Barrabás,
Que já está preso no calabouço.

TIBÉRIUS
_ Eu acho que este Jesus faz
Parte do bando de Barrabás.

CAIFÁS
_ Este caso pede seriedade.
Mas o homem que está aí fora
Poderá nos dizer a verdade
Sobre este Jesus, agora.

(entra Judas Iscariótes)

ANÁS
_ Mas, é um dos seus discípulos!
E concorda em traí-lo?

JUDAS
_ depende! O que ganharei em troca
Para vos abrir minha boca?






CAIFÁS
_ Mesmo que o traia, não temos
Motivos para prendê-lo, Anás,
Pois pelo que nós sabemos
Este Jesus só prega a paz.

TIBÉRIUS
_ E se forem, Jesus e Barrabás,
Contra Roma, líderes dos judeus
Preparando uma revolução?

ANÁS
_ Tibérius tem razão, Caifás!
E se este Jesus, junto aos seus,
Tramarem uma rebelião?

CAIFÁS
_ Diga-me, rapaz,
Sem mudar de assunto,
Jesus e Barrabás
Conspiram juntos?

JUDAS
_ Porque acham que a burla começou
Quando Jesus, na cidade entrou?

ANÁS
_ Temos a prova que queremos!

CAIFÁS
_ Temos a prova, mas não se iluda,
Pois os outros discípulos, sabemos
Que não o entregarão como Judas.

JUDAS
_ Entregar-vos-ei, mas lhes peço
Por Jesus, um bom preço.

CAIFÁS
_ Tenho aqui, trinta moedas de prata,
Serão suas quando indicar Jesus aos guardas.

JUDAS
_ Se não confiarem em mim,
Não confiarei em vocês, enfim!

(Tibérius atira o saco de moedas aos pés de Judas que o pega e sai).



TIBÉRIUS
_ Estaremos esperando, Iscariótes!
Não decepcione os sacerdotes

(saem e entra o Coringa)

CORINGA
_ Era chegada a hora em que Jesus devia
A festa dos pães ázimos, celebrar
Com seus discípulos, pela última vez.
Mas antes da páscoa Jesus já sabia
Dos sofrimentos que iria passar
E, amando os seus ao extremo, o fez.

(sai e entram Jesus, Pedro e João).

PEDRO
_ Mestre, onde quer que preparemos
A refeição da páscoa que faremos?

JESUS
_ Ide à cidade e lá encontrará
Um homem carregando um cântaro
Com água e, eu lhes aviso
Que em sua casa vos mostrará
Um lugar mobiliado e pronto,
Fazei ali os preparativos.

(saem e em seguida, retornam Pedro, João e os outros discípulos, e só quando estes já se sentaram, Jesus entra com uma bacia com água para lavar os pés dos discípulos).

JESUS
_ Tenho desejado ardentemente comer
Desta páscoa convosco, antes de sofrer.
Pois não tornarei a comê-la até vir
O dia que o reino de Deus se cumprir.

(Jesus começa a lavar os pés de Pedro).

PEDRO
_ Senhor, o que por acaso, fará?
Queres aos meus pés lavar?

JESUS
_ Pedro, sei que não compreende
Mas deve se preocupar,
Pois o que agora não entende,
Em breve compreenderá.


PEDRO
_ Mas eu não posso aceitar!
Aos meus pés, não lavará.

JESUS
_ Em verdade, em verdade vos digo:
Se não os lavar, não tereis parte comigo.
PEDRO
_ Lave-me também, então,
A cabeça e as mãos.

(enquanto fala, Jesus lava os pés dos outros).

JESUS
_ Aquele a quem os pés eu lavar,
De banho não há necessidade
Por já estar limpo, puro.
Mas entre vós, um não está
Puro de verdade e, em verdade
Vos digo: nem todos estão puros.

JOÃO
_ Como assim, Mestre?
Nos quer por em teste?

JESUS
_ O que vos fiz, vós sabeis?
Me chamais de Mestre e Senhor
E como o sou, bem dizeis!
Se eu, vosso Mestre e Senhor,
Vos lavei os pés, também deveis
Aos pés, uns dos outros, vos lavar.
Com o que fiz, o exemplo dei
Para que assim, também façais.
Pois em verdade, tenho falado:
O sevo não é maior que o senhor
E nem tampouco o enviado
É maior que quem o enviou.
Sereis felizes se compreenderdes
Estas coisas e as praticardes.
Isso de vós todos não direi,
Pois conheço os que escolhi!
Mas é preciso fazer cumprir
A estas palavras da lei:
Aquele que come o pão comigo
Levantou contra mim seu calcanhar.
E em verdade eu vos digo:
Que um entre vós me trairá.


BARTOLOMEU
_ Serei eu?

THIAGO I
_ Serei eu?

MATHEUS
_ Não serei eu, serei?
FELIPE
_ Longe de mim, meu Deus!

SIMÃO
_ Senhor, quem é? Dizei!

JESUS
_ Em verdade, em verdade vos digo:
É chegado o tempo, a hora é essa!
É a quem eu entregar o pão embebido!
O que queres fazer, faça-o depressa.

(entrega o pão a Judas Iscariótes que sai).

JESUS
_ Tomai este cálice e distribua-o
Pois em verdade vos direi:
Até que venha o reino de Deus,
Do fruto da videira, não beberei.
Este é o meu corpo, tomai e comei,
Fazei isso em minha lembrança.
Este é o meu sangue, tomai e bebei,
É o sangue da nova aliança
Que por vós é derramado
Em remissão dos vossos pecados.
Agora o Filho do Homem é glorificado
E se Deus, nele é glorificado,
Também Deus glorificar-se-á
E em breve o glorificará.
Em verdade, filhinhos meus,
Convosco apenas um pouco, estarei eu,
No entanto, para onde vou,
Ir comigo, agora não podeis.
Um novo mandamento vos dou:
Amai-vos como eu vos amei!
Assim todos vos conhecerão
Como meus discípulos e irmãos.





PEDRO
_ Senhor, falas em partir?
Diga-me por onde ir
E seguirei junto a ti.

JESUS
_ Para onde eu devo ir
Agora não podeis vir,
Mas em breve há de me seguir.

(saem e entra o Coringa).

CORINGA
_ A vida do Senhor na Terra, foi uma vida
De muitas, muitas orações entretecida
E noites inteiras dedicadas à prece.
O modo que obtinha força era esse
E a sabedoria necessária para guiar-se,
Na sua obra sustentar-se
E das ciladas do mal preservar-se.

(sai e entram Jesus e os discípulos).

JESUS
_ Em verdade, vos digo,
Todos vós escandalizareis,
Pois assim está escrito:
Ao pastor ferirei
E as ovelhas irão fugir!
Mas quando eu ressurgir
Na Galiléia, vos precederei.

PEDRO
_ Senhor, ainda que todas aqui
Se escandalizem de ti,
Por ti nunca serei escandalizado.

JESUS
_ Em verdade, Pedro, nessa noite,
Antes que duas vezes o galo cante,
Por três vezes me terás negado.

PEDRO
_ Mesmo que preciso for
Morrer, eu morrerei
Contigo, meu Senhor!
Mas jamais te negarei.



JESUS
_ Venham, Pedro, Thiago e João,
Vigiai comigo em oração!
Os demais descansem onde estão.
Ó Pai, tudo lhe é possível!
Este cálice, afaste-o de mim,
Todavia não se faça o que digo,
Mas o que tu queres, sim.
Não pudestes vigiar comigo?
Vigiai comigo em oração
Para que não entreis em tentação!
Pai, ouça o que eu digo,
Já está pronto o espírito
Mas a carne que é fraca, não.
Pai! Pai, este cálice, afaste-o de mim,
Mas se não é possível que este cálice,
Sem que eu beba, por mim passe,
Para a tua vontade eu digo sim.
Enfim, é chegada a hora,
O Filho do Homem, entregar-se vai
Nas mãos dos pecadores agora.
Vamos, todos, vos levantai!
Está vindo aquele que me trai.
A quem procuras, soldado?

(entram o Centurião e os soldados).

CENTURIÃO
_ Procuro Jesus de Nazaré
Que preso deve ser levado.
Diga-me, qual de voes o é?

DISCÍPULOS
_ Sou eu! Sou eu! Sou eu!

(entra Judas Iscariótes e beija Jesus).

JUDAS
_ Salve Mestre, Senhor meu!

JESUS
_ Judas, traíste-me com um beijo seu.

(Pedro corta a orelha de um soldado, Jesus o cura).






JESUS
_ Pedro, guarde a espada no lugar,
Pois todos que dela tomarem,
Também pela espada morrerão.
Todos os dias eu estava a ensinar
No templo e não me prenderam.
Cumpra-se as escrituras, então!

(saem e entra o Coringa).

CORINGA
_ Após ser traído por Iscariótes
Jesus foi levado aos sacerdotes
Para julgarem a sua questão.
Julgava-lhe o sumo conselho
À fim de a todo custo apanha-lo
Numa palavra que custe sua condenação.

(sai e entram Caifás, Anás e tibérius, depois Jesus que é trazido pelos guardas).

CAIFÁS
_ És o rei dos judeus, então
És tu, líder duma conspiração?

JESUS
_ Ao mundo, publicamente falei.
Na sinagoga e no templo
Onde se reúnem os judeus, ensinei.
E não joguei palavras ao vento.

ANÁS
_ Diga-nos, em nome de Deus,
O que ensinaste aos judeus?

JESUS
_ Os que ouviram o que eu falei,
Estes sabem o que ensinei.

CAIFÁS
_ E quanto ao que disse aos judeus,
Que ao templo dos homens destruiria
Para poder, em nome de Deus,
Edifica-lo em apenas três dias?

TIBÉRIUS
_Veja o que se depõe contra ti!
Nada tens a dizer sobre isso?
Vamos, diga-nos sem mentir,
Por teu Deus, tu és o cristo?


JESUS
_ Sim! Além disso, declaro que vereis
Doravante, o Filho de Deus
À direita do todo poderoso Rei
E voltar sobre as nuvens do céu.

TIBÉRIUS
_ Nunca ouvi blasfêmia tão louca!
De testemunho não há necessidade,
Nós mesmos ouvimos de sua boca
Sua arrogância e falta de humildade.

CAFÁS
_ Bem, diante de tal fato,
Guardas! Levem-no à Pilatos!

(saem e entra o Coringa).

CORINGA
_ Sentir-se só em si mesmo,
De quando em quando presente
Tanto quanto ausente,
Existindo apenas a esmo.
Mente a si por satisfeito,
Contrariando o poder da mente
E a força do amor ausente
Presente dentro do peito.

(sai e entram Homem I, Homem II, uma mulher e Pedro)

MULHER
_ Este homem estava com ele também.

PEDRO
_ Não, eu não estava com ninguém!

HOMEM I
_ Tu és um deles, eu o vi.

PEDRO
_ Eu não sou quem você diz.

HOMEM II
_ Você está nos enganando
Pois o vi com o outro galileu.




PEDRO
_ Não sei do que está falando
E garanto que não era eu!

(o galo canta duas vezes, saem entra o Coringa).

CORINGA
_ Sendo Jesus interrogado
Pelos sumos-sacerdotes
Que executaram sua prisão,
Ele foi levado a Pilatos
Para que este julgasse seus atos
E lhe assegurasse condenação.

(sai e entra Pilatos, logo depois entram Caifás, Anás, Tibérius e os guardas que trazem Jesus).

PILATOS
_ Porque tantas preocupações?
Contra este, quais as acusações?

CAIFÁS
_ A este homem temos encontrado
Excitando o povo à revolução.

TIBÉRIUS
_ Proibindo pagar o imposto cobrado
E dizendo-se messias, rei nação.

PILATOS
_ Tu és mesmo o rei dos judeus?
Diga-me a verdade, sim!

JESUS
_ De ti mesmo o dizes aos seus
Ou disseram outros de mim.

PILATOS
_ Não lhe vejo crime algum,
Façam-me o favor!
Apenas vejo neste homem
Um simples sonhador.

ANÁS
_ Acontece que este homem aí
Vem agitando da Galiléia até aqui.




PILATOS
_ Galiléia? Sacerdotes,
Se ele é galileu, então
O mandarei a Herodes,
Governador daquela região!

(saem e entra o Coringa).
CORINGA
_ Jesus, a Herodes foi conduzido.
Este nunca tinha o visto
Mas há muito queria encontrar
Jesus e milagres testemunhar.

(sai e entram Herodes II, a mulher de Herodes II e depois os guardas que trazem Jesus).

HERODES II
_ És o João Batista que reviveu
Ou o Elias que reapareceu?

MULHER DE HERODES II
_ Dizem que ele é muito poderoso.
Porque não nos faz algo milagroso?

HERODES II
_ Isso, faça um milagre que seja,
Vamos, qualquer milagresinho!
Por exemplo, se assim deseja,
Transforme esta água em vinho.
Imbecil! Não faz nada?
Tragam um manto, guardas.
Bastardo, você se diz rei?
Então como um te vestirei,
Com um manto será trajado!
Torturem e o levem a Pilatos.

(saem e entra o Coringa).

CORINGA
_ De nada adianta a tristeza
Se nada está dando certo,
Se o peito se encontra em deserto,
Se lhe roubam da vida a beleza,
Se sentes às vezes a lama presa
Ou minúscula como a de um inseto,
Se o amor só se faz descoberto
Se de certo só existem incertezas.




(sai e entram os três soldados que torturam Jesus).

SOLDADO I
_ Salve, salve rei dos judeus!

SOLDADO II
_ Tu és um sábio, galileu?
Então adivinhe quem lhe bateu.


SOLDADO III
_ Tu queres ser rei, sim?
Pois será coroado por mim!

(quando o soldado coloca a coroa de espinhos em Jesus, entra Judas Iscariótes).

JUDAS
_ Soldados, por favor, me atende!
Polpa-o desta má sorte.
Nada fez este inocente
Para que merecesse a morte.

SOLDADO I
_ Que nos importa se traiu seu amigo
E se arrependeu? Pois isso é contigo.

(saem os soldados com Jesus).

JUDAS
_ Entreguei um sangue inocente!
Eu não posso mais suportar
Esta tortura em minha mente
Com minha consciência a me acusar.
Tomai vossas moedas de prata,
Pois já tenho meu pagamento.
Tenho uma alma culpada
Por um terrível sentimento
De expectativa de juízo, condenação.
Não mais terei paz, sou culpado,
Pois traí o Filho de Deus, Imaculado.
Eu quero morrer! Matar-me-ei então.

(sai e entra o Coringa).

CORINGA
_ Herodes, bastante perturbado,
A sentença não ousou sancionar.
Enviou Jesus outra vez a Pilatos,
Para este finalmente o julgar.

(sai e entram o povo judeu, Pilatos, a mulher de Pilatos, o Homem I, Maria Madalena e os guardas que trazem Jesus).

POVO JUDEU
_ Morte a Jesus! Matem-no!

MARIA MADALENA
_ Não, por favor, Jesus não!

POVO JUDEU
_ Crucifique-o! Crucifique-o!

MARIA MADALENA
_ Não! Tenham-lhe compaixão!

PILATOS
_ Silêncio! Nem Herodes, nem eu
Encontramos culpa neste judeu.
Eu mandarei flagelá-lo
Para depois soltá-lo!

POVO JUDEU
_ Não! Crucifique-o!

MARIA MADALENA
_ Por favor, libertem-no!

PILATOS
_ Veja, os sacerdotes e a tua nação
Que o colocaram em minhas mãos.
Sabes que só eu posso libertá-lo,
Mas também posso crucificá-lo?

JESUS
_ Sobre mim, não teria nenhum poder,
Se de cima, não o dessem a você.

PILATOS
_ Ora essa! Já que trouxeram-lhe aqui,
Porque não testemunhas a favor de ti?

JESUS
_ Com a verdade para dar testemunho
Foi que nasci e vim ao mundo!
Todo aquele que a verdade vê,
Entende o que eu quero a dizer.





PILATOS
_ Verdade? O que é a verdade?
Não vejo  neste homem, crime algum!
Mas é costume que por caridade
Na páscoa, dos presos, solte-se um.
Querem que solte o rei da verdade,
Ou não devo soltar preso algum?

HOMEM I
_ Ele não se diz César, mas se diz rei!
Soltando-o, amigo de César não serei.

POVO JUDEU
_ Crucifique-o! Morte ao rei!

MARIA MADALENA
_Não! Ele é inocente, eu sei.

PILATOS
_ Guardas, tragam-me Barrabás!
Entre os dois, a um libertarei
E vocês me ajudarão a escolher.
Um, ladrão e assassino audaz,
Outro, o que se diz vosso rei.
Qual dos dois deverá morrer?

POVO JUDEU
_ Solte Barrabás! Solte Barrabás!

MARIA MADALENA
_ Jesus, Jesus! Deixem-no em paz!

PILATOS
_ Tragam-me um bacia com água!

MULHER DE PILATOS
_ Pilatos,.na causa deste justo, por favor
Não se embaraces, nem tenha mágoa!
Pois ele, em sonho me atormentou.









PILATOS
_ Eu lavo as minhas mãos
Do sangue deste justo
E não voltarei atrás.
Povo mais sem coração,
Desalmado e injusto!
Guardas, soltem Barrabás.

(os guardas soltam Barrabás que sai comemorando com o povo judeu, saem depois Pilatos e sua mulher e os guardas que levam Jesus e entram o Coringa que passa a narrar os fatos que acontecem simultaneamente. Forma-se um cortejo com o povo judeu, Maria, João, Simeão, Verônica e as mulheres que choram Entra o Centurião com um soldado que traz Jesus, depois entram dois soldados carregando a cruz).

CORINGA
_ Colocam em seus ombros a cruz
E açoitando-o, fazem andar Jesus.
Quando este cai pela primeira vez
Sua mãe vem correndo sentir.

MARIA
_ Filho, o que fizeram de ti?

CORINGA
_ E ele se cala outra vez.
Os soldados dão a Simeão a cruz
Para este ajudar a Jesus
E Simeão o fez sem engano.
Verônica lhe enxuga o rosto
Que molhado de pranto e desgosto
Ficou estampado no pano.

VERÔNICA
_ Ó, vós todos que passai pelo caminho,
Não sabei-vos o que eu sinto,
Nem quão grande a minha dor.
Ó, vós todos são da rosa, o espinho!
Pois vos digo e não minto,
Que matais o Deus do amor.

CORINGA
_ Depois de muito caminhar
Com a cruz no ombro a pesar
Jesus cai pela segunda vez
Erguendo-se, diz às mulheres que choram:





JESUS
_ Filhas de Jerusalém, por mim não chorem.
Chorem por seus filhos e por vocês.

CORINGA
_ Ao cair pela terceira vez,
Jesus é despido pelos soldados
Que disputam as suas vestes
Enquanto ele é crucificado.

(saem todos para logo depois aparecerem Jesus e os dois ladrões crucificados, entram também o Centurião, os soldados, o povo judeu, Maria e João).

MAU LADRÃO
_ Somos todos desgraçados!
Homens ao podre jogados.
Onde estás, Deus? Onde estás?
A morte, cessar o sofrer faz
E nem sequer posso morrer em paz.
Morte, morte como eu te cobiço,
Morte como eu te quero bem!
E tu ao meu lado, se és o Cristo,
Porque não salva-te e a nós também?

BOM LADRÃO
_ Cale-se! Pagamos por nossos crimes,
Pagamos por sermos desgraçados!
Ele não tem por que estar aqui
E sorte temos de estar a teu lado.
Senhor, lembre-se deste judeu
Quando estiver ao lado de Deus!

JESUS
_ Em verdade, em verdade eu lhe digo:
Não deve se preocupar mais
Pois hoje mesmo estará comigo
Na casa do Senhor meu Pai.
Tenho sede, tenho sede!

SOLDADO I
_ Ora, faça um milagre!
Ou mate a sua sede
Bebendo deste vinagre.

JESUS
_ Perdoa-lhes, meu Pai!
Este povo não sabe o que faz.
Eis aí a tua mãe, João!
Mãe, eis aí o teu filho!

JOÃO
_ Senhor, como és bom!
Até mesmo no martírio.

JESUS
_ Tudo está consumado, Pai!
Em tua casa minha dor se acalma.
Senhor, eu não suporto mais,
Em tuas mãos entrego a minha alma.

(sons de tempestade, o povo judeu sai correndo, os que ficam caem no chão).

CENTURIÃO
_ Era realmente o filho de Deus!
O verdadeiro Rei dos judeus!

(sai o Centurião e entram Nicodêmos e Arimatéia).

NICODÊMOS
_ Quanta covardia! O que fizeram?
O que fizeram com Jesus?
Estas mãos que a tantos ajudaram
Estão aí, pregadas na cruz.
Mas o castigo de Deus virá
Sobre quem ajudou a o matar.
Mestre, ajudaste tantos necessitados,
A tantos enfermos curaste:
Cegos, surdos, mudos e aleijados,
Até mortos ressuscitaste!
Déste conforto às pessoas de bem!
Porque Senhor? Porque Jesus?
Amaldiçoada toda Jerusalém!
Arimatéia, vamos descê-lo da cruz.

ARIMATÉIA
_ Vamos, mas deixemos sua mãe segurá-lo
Ao menos por um pouco em seu colo.

MARIA
_ Filho! Meu Filho, o que fizeram de ti?
Foste concebido em meu ventre pelo senhor.
Como pode ter que terminar assim?
Não há nada pior que a minha dor!

NICODÊMOS
_ Senhora, vá amanhã, no túmulo embalsamá-lo.
Arimatéia por favor, me ajude, vamos levá-lo.

(saem e entra o Coringa).

CORINGA
_ Nos deu a vida ao morrer na cruz
Mas ressuscitou e tornou-se luz
Que ilumina e nos conduz
A viver por ti, ó Jesus!
Vem, vem me fazer feliz,
Me ilumine com sua divina luz.
Cantando eu já sou feliz
Pois eu canto pra ti, ó Jesus:
Senhor Jesus! Ó Senhor Jesus!
Ó Senhor Jesus! Ó Senhor Jesus!
Senhor Jesus! Ó Senhor Jesus!
Ó senhor, ó Senhor, ó Jesus!
Ó! Ó! Ó Senhor Jesus!
Ó Senhor Jesus! Ó Senhor Jesus!
Ó! Ó! Ó Senhor Jesus!
Ó Senhor, ó Senhor, ó Jesus!







Fim do quarto e último ato.


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