terça-feira, maio 14, 2013

A Queixa do Diabo a Deus

A Queixa do Diabo a Deus

“Adir Affa Rievrs”


Num dia claro e iluminado,
Em plena paz celestial,
Estava Deus, sossegado,
Ouvindo o coro angelical,
Foi quando entrou o Diabo
Com chifre, tridente e rabo,
Pata de bode e cara de mau.

Calou-se o coro de anjos,
Houve um grande silêncio,
Parou a harpa e o banjo
E o clima ficou tenso.
E o Diabo falou:- O que quero
È do homem, de modo sincero
Falar agora, o que penso.

O Senhor ficou furioso,
Do trono, ficou de pé.
Olhou pro Diabo, nervoso
E falou:- Vá de ré
Satanás, que sua sina
È ver do homem a ruína
Pra poder zombar da fé.

Diabo:
Te digo, Senhor, que o homem
Só pensa em dinheiro e poder
E tudo o que vê consome.
E tudo o que vê quer ter.
Segue o meu pensamento,
Corrompe os dez mandamentos
E só o Senhor não quer ver.

Deus:
Com que direito vem aqui,
De onde já expulsei você?
Quer ver isso se repetir?
Se quiser, pior vai ser,
Meu castigo pode ser eterno,
Eu te tranco no inferno
Se eu me enfurecer.



Diabo:
Mas eu não quero a sua fúria,
Nem penso em lhe aborrecer,
Quero,é da sua criatura,
Fazer o Senhor entender
Que a receita deu errado,
Que o povo só vive em pecado
E peca pra poder viver

Deus:
Como pode, da minha criatura
Vir você querer falar mal?
È a mente mais impura
A tua mente imoral.
Pois é tu que ao homem tenta,
Do mal dos outros se alimenta
Com um apetite infernal.

Diabo:
Mas Senhor,eu quero lhe falar
É que agora,ultimamente
Nem preciso trabalhar,
Pois o homem gentilmente,
Já faz o mal é sozinho
Ou se atrapalha no caminho
E deixa o mal subir pra mente.

Deus:
Você ta querendo me dizer
Que a minha criatura
Faz o mal só pro fazer?
Isso é uma loucura
E se você já não trabalha
È que os capetas da tua laia
Te ajudam nas diabruras.

Diabo:
Eu juro, Senhor, e lhe provo,
Tenho até testemunha
Que a maioria do povo
Faz o mal com a própria unha
Peca a torto e a direito,
Gosta de tudo imperfeito
E sou eu que levo a alcunha.





Deus:
Isso é só uma minoria
Que é levado em tentação
E
sabem que me pedindo
Eu lhes dou o meu perdão.
Mas quem fizer o pedido
Tem que estar arrependido
E pedir de coração.

Diabo:
Só isso não justifica
Todo o mal que o homem faz.
Escuta a minha dica,
Pega tudo e refaz.
E joga esta criatura
Dentro de outra mistura
Que eu sei que disso é capaz.

Deus:
Você falou a um momento
Que o homem que eu criei
Corrompe os dez mandamentos
E abusa da minha lei.
È que entenderam errado
Que Jesus já pagou os pecados
Na cruz quando o enviei.

Diabo:
Mesmo os que nele se apegam
Quando não estão na igreja,
Nos botecos se congregam
E enchem o rabo de cerveja.
Já os crentes que não bebem,
Mal os outros eles querem
Porque morrem de inveja.

Deus:
Escuta aqui ô Capeta
Cansei de ouvir seu lamento
Não tem inveja na cabeça
Quem tem Cristo no pensamento.
Porque Ele nasceu em Belém
E entrou em Jerusalém
Montado num simples jumento





Diabo:
Sem falar no malfeitor
Que mesmo sedo bandido
Pede perdão ao Senhor
E continua com o delito.
Pro Senhor ter uma idéia
desde a idade média
Se mata em nome de Cristo.

Deus:
Mas a igreja, Jesus falou
Que está dentro do coração
De quem em verdade o amou,
Em baixo de pau e pedra não.
E te digo que as cruzadas
Foi uma idéia mal fadada
De uma instituição.

Diabo:
Mas nestas instituições
Até onde eu sei
Quem as segue se diz cristão
E seguidor da sua lei,
Só que acumulam riquezas
E usando o nome de igreja
O padre ou o pastor vira rei.

Deus:
Só que Jesus ensinou assim
De forma mais que direta
A acreditarem em mim
E não em falsos profetas
Porém de batina ou de terno
Estes têm no inferno
Entrada franca e certa.

Diabo:
Por isso que lá ta lotado,
Pra lá só vai coisa ruim,
E tudo que é pastor tarado
E padre pedófilo é pra mim
sem falar no sem juízo
Que rouba o dinheiro do dízimo
E quer se dar bem assim.





Deus:
Tudo bem, eu já entendi,
Pode deixar de falatório.
Pega os que falam em mim
E manda pro purgatório
Que lá já ta cheio de gente.
Eles vão se juntar aos crentes
E se auxiliam no oratório.

Diabo
Eu posso mandar quem rouba
Pois para lhe ser sincero
Quem de mulher e criança abusa
È o que eu mais quero
Para as mais sórdidas torturas
Com requinte de queimaduras
Será tratado com esmero.

Deus:
Poupa-me, por favor,
De ouvir essa tolice.
Não quero saber do pavor
Dos teus sórdidos fetiches,
Já lhe dei a solução
E chega de lamentação
Que eu já ouvi o que disse.

Diabo:
Mas só um caso solucionou.
Me perdoe, que eu insista,
Não é só padre e pastor
Também tem o cientista
Que inventa toxinas,
Gripe aviária e suína
Mata um monte e despista.

Deus:
Eu lhes dei a sabedoria
Para que com inteligência
Vivam em harmonia
E se livrem das doenças.
Se usam suas descobertas
De maneira incorreta
Não é culpa da ciência.





Diabo:
O Senhor veja se há lógica.
Olha só que coisa irônica
A ciência da fibra ótica
È a mesma da bomba atômica
E cria a nação despótica
Até armas biológicas.
Que causam doenças crônicas.

Deus:
Chega destas lamúrias
Seu capeta prepotente.
Esqueceu na sua loucura
Que eu sou onipresente?
Eu estou de olho em tudo
E não vou mudar o mundo
Só pra te deixar contente.

Diabo:
Mas e quanto a perdição
Que o homem está fadado?
É político com corrupção,
É ladrão com advogado,
Estão destruindo a Terra,
E vão se acabar em guerra.
Me corrige se estou errado!

Deus:
Pois acontece que isso
È uma grande verdade
Mas já estava previsto
No princípio da humanidade
Que mesmo caminhando mal
Vencerá no juízo final
O seu prazo de validade.

Diabo:
Tudo bem, eu desisto
Da minha reclamação
E espero a volta de Cristo
No apocalipse de João.
Mas a culpa das doenças
De hoje, e da violência
È do homem, num é minha não.






Deus:
Ta bom, só que por hora
Eu já não quero ouvir mais
Te ordeno, vá-te embora
Pro inferno, Satanás.
No meu povo eu que mando
Como estou te ordenando
Vá e me deixe em paz.

Diabo:
Vou, mas não vou desistir
Com tanta enfermidade
Deste asco de tossir
E cuspir na humanidade
Que, pelo que percebi,
Não creio no seu porvir
Pois venceu a qualidade.

E assim, saiu o Diabo
Do mesmo modo que entrou
Com raiva, sacudindo o rabo
Sem nada do que reivindicou,
E mesmo ele não querendo
A gente aqui vai vivendo
Até quando quiser o Senhor.


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